segunda-feira, 28 de março de 2011

VIP's

(Foto: Divulgação)
Primeiro longa de Toniko Melo, que já trabalhou com televisão, publicidade e documentários, VIP's conta a história de Marcelo Nascimento da Rocha (Wagner Moura), cujo sonho é pilotar aviões como seu pai. Até aí, teríamos uma trama bem água com açúcar, "tal pai, tal filho". Mas a verdade é que Marcelo é um "imitador compulsivo", que se passa por outras pessoas sem nem ao menos se dar conta disso, como se as imitações fossem de fato sua realidade. E é aí que mora o "pulo do gato"!

De menino feliz e sonhador, que sabe o nome dos aeroportos de todo o mundo, Marcelo passa a um piloto do narcotráfico procurado pela polícia, conhecido como Carrera, e culmina encarnando o filho e herdeiro de uma das maiores empresas de aviação do Brasil, Henrique Constantino. Na pele de Henrique, Marcelo consegue alçar voos mais altos e se torna VIP na high society, curtindo o carnaval recifense no mais característico "jeitinho rico/famoso de ser".
Henrique Constantino dá entrevista a Amaury Jr. (Foto: Divulgação)

De acordo com o digníssimo e muito útil Wikipédia, esquizofrenia se apresenta como "um transtorno psíquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, sinestésicas, e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade". Apesar de não ficar claro se é esse o caso, acabamos encontrando alguns desses sintomas na mente de múltiplas personalidades de Marcelo. Com inspiração primária do livro VIPs - Histórias Reais de um Mentiroso, de Mariana Caltabiano, que ganhará também um documentário, o roteiro ficou por conta de Thiago Dottori e Bráulio Mantovanni, coroteirista de Cidade de Deus.

Wagner Moura, que já participou de mais de 20 produções cinematográficas, entre elas Abril Despedaçado e o aclamado pelo público Tropa de Elite, aparece em VIP's renovado e livre de seus estereótipos (especialmente televisivos). Prova disso é que levou o prêmio de Melhor Ator no Festival do Rio 2010, dentre as quatro premiações recebidas pelo longa. Detalhe: acho que o prêmio foi merecido só pela imitação que Wagner, na pele do traficante Carrera, faz de Renato Russo, do Legião Urbana.



Lorena Tabosa

quinta-feira, 17 de março de 2011

A.S. (Ante scriptum ): Esse é um texto de opinião.

Formadores de opinião?


                O que um jornalista e um professor têm em comum? Além de serem profissões que não são reconhecidas e muito menos bem remuneradas, são duas categorias que tem o objetivo de informar, e, mais que isso, formar opinião. Será? Quem cursa jornalismo aprende desde o primeiro período que todo jornal tem um dono e uma linha editorial que deve ser seguida. Além desse primeiro clichê, sabemos também que o nosso dever é informar, então a opinião não deve ser dada, assim como a adjetivação não deve ser feita.
                Partindo dessas duas premissas, que tem como exceções as famosas colunas e editoriais, lugares reservados à opinião, todo o resto deve ser livre de julgamento. A terceira premissa fala exatamente sobre a frase anterior: uma matéria nunca será escrita livre de julgamento pois cada um tem a sua bagagem e a sua vivência prévia, mas é importante tentar ser o mais imparcial possível. Saindo um pouco do universo do jornalismo impresso, a televisão é considerado um meio ainda mais forte no quesito formação de opinião. 
                Os jornais mais sérios acabam sendo reservados para as classes média e alta, vide índices de analfabetismo, fazendo com que a televisão seja o meio mais acessível à informação. Nas universidades uma grande massa aprende a odiar a Rede Globo pelos clássicos exemplos de alienação durante o período militar e afins.
                Nos corredores das universidades os pseudo-intelectuais revoltados soltam as suas mágoas em relação às notícias dadas pela mídia de forma tendenciosa, causando assim a tão comentada alienação... Mas quando chega o fim de ano, na seleção para ser estagiário da emissora, centenas lutam pela vaga, inclusive aqueles que pregavam a verdade acima de tudo. Vontade de fazer um mundo melhor? Ou um currículo com a experiência de ter passado pela maior emissora do Brasil?
                O texto não tem como objetivo questionar a Rede Globo ou o jornalismo, mas o fato que todo o discurso dos estudantes de jornalismo é muito bipolar. Então os 'focas' questionam a falta de alguém que se imponha às grandes empresas que sustentam as redes de televisão, os jornais e as rádios por meio dos espaços publicitários. Assim, o curso parece sempre estar à espera de alguém que enfrente, que tenha coragem para falar algumas verdades, e quando isso acontece, o resultado é mais uma vez decepcionante.



                O vídeo fala por si só. Rachel Sheherazade ganhou da Tv Tambaú um espaço para fazer comentários no estilo editorial uma vez por semana. Esse espaço é o que todo (bom) estudante de jornalismo gostaria de ter. Um espaço para questionar algo e poder ser ouvido pelas massas, para criticar, para gerar reflexão, podendo ser ouvido por mais do que aquelas cinco ou dez pessoas que podem (ou não) acessar o seu blog.
                A palavra que mais expressa a minha opinião sobre o texto é... Louvável. Ou seja, digno de respeito. Ela pode ter sido extremista em alguns momentos, pode também ser em algumas partes um pouco populista, mas, no final, é um ato de coragem falar tantas verdades ao vivo, no mínimo. Criticar as cervejarias, criticar o governo, criticar as músicas e os artistas baianos? Não é uma coisa que se vê todos os dias.
                Generalizando ela deixa de generalizar e o que parece contraditório pode até fazer sentido. Sheherazade fala do carnaval em geral, o que pode revoltar alguns pernambucanos, por exemplo, que sabem que o carnaval no Estado não é pago, diferentemente do que acontece na Bahia. Mas e a parte que ela critica a falta de ambulâncias quando elas são necessárias?
E o policiamento?. Comentando de uma forma ampla, um grande argumento é formado e se mostra aplicável à inúmeros carnavais nos diferentes Estados.

                O que a jornalista tenta fazer é procurar o lado B, o tão almejado objetivo jornalístico. Se pouco se explora o lado ruim dos fatos ou a razão pelas quais as coisas ruins acontecem no meio ambiente, por exemplo, é porque isso não vende tanto quanto mostrar um corpo atirado no chão. A violência existe, isso é um fato, mas quem mostra o porquê? A fome existe, outro fato, mas ninguém procura as causas. E todas as catástrofes que acontecem hoje?
                E o carnaval, uma festa que os brasileiros amam? Será que não é importante também mostrar um outro lado? Qual é então o grande problema de mostrar o lado que o tão amado carnaval não é uma festa genuinamente 'democrática', que é de grande lucro para poucos e que, apesar de tudo, é uma tentativa de pão e circo?
                Há quem diga que 'no carnaval são gerados milhares de empregos' e que 'as pessoas merecem se divertir também'... E a jornalista não questiona nada disso, não se diz que o carnaval deve ser abolido, é só uma crítica a como ele acontece atualmente. Ela inspira a reflexão sobre uma realidade escondida atrás da empolgação do carnaval. E se gerar reflexão não é um desejo dos estudantes de jornalismo, eu não sei o porquê da escolha do curso.
                Se quando finalmente podemos levar à população uma outra visão, os estudantes de jornalismo acham que ela só fala absurdos, então... Qual é mesmo o nosso objetivo?

P.S.: Eu AMO o carnaval, mesmo concordando com tudo o que é dito (discordando em algumas coisas pelo modo como são ditas) e adoraria trabalhar na Rede Globo.

Luiza Assis

quarta-feira, 16 de março de 2011

Gnomeu e Julieta

 Eu adoro Shrek. Eu sei que a grande maioria dos críticos sempre fala mal do monstrinho verde, mas eu adoro. Quando soube que Gnomeu e Julieta era do mesmo diretor de Shrek 2, Andrew Adamson, fiquei curiosa.
O filme começa com um anão de jardim lendo o prólogo. Logo anuncia "Essa história já foi contada várias vezes". E foi. Quer romance mais explorado que Romeu e Julieta? Porém, há quem diga que na arte nada se cria, tudo se copia - a diferença é acrescentar algo construtivo à narrativa. 

Dois vizinhos não se suportam. Possuem uma briga eterna, tão antiga que ninguém mais lembra como começou. Os respectivos anões de jardim, que ganham vida quando não há humanos algum por perto, compram a briga e também não convivem em harmonia. Entre os dois mundos rivais, Gnomeu e Julieta se apaixonam. O que fazer?

A trilha sonora do filme é curiosa. Elton John embala o romance dos anões de jardim. É bem explorada e desenhada, uma característica, inclusive, dos filmes de Andrew.
A estátua, ranzinza, de Shakespeare aposta em um final trágico para ser bonito. Mas os pequenos enfeites de jardim mostram que com um pouco de esforço todos podem conviver, tragédias à parte. O final é feliz para sempre, como todo conto de fadas que se preze.



Há algum tempo, boas animações têm nos emocionado. Toy Story 3 e Up - Altas aventuras são exemplos de filmes que marcaram não apenas pela excelente montagem, mas pela emoção. Não é o caso de Gnomeu e Julieta. Acho difícil que Andrew consiga, ao menos, repetir o sucesso de Shrek. Porém, há uma beleza evidente no filme. Puro, bem intencionado, com final feliz. Atire a primeira pedra, ou melhor, o primeiro anão de jardim quem jamais se deixou levar por um "era uma vez". Vale a pena apreciar.




Duda Ferraz 

terça-feira, 1 de março de 2011

Bruna Surfistinha, o filme.

Jovem de classe média, com família um tanto desestruturada e dificuldade de integração no meio em que vive, se torna garota de programa. Convenhamos, essa não é nenhuma novidade, nada inédito. Aqui pertinho, no bairro de Boa Viagem, temos várias histórias semelhantes. Mas a graça de Bruna Surfistinha, filme dirigido por Marcus Baldini que estreou na última sexta (25), mora justamente aí, aí mesmo na aparente falta de criatividade.

Longe de ter um roteiro (baseado no livro biográfico O Doce Veneno do Escorpião - O Diário de uma Garota de Programa) de grandes proporções em termos de surpresas e fulga à realidade, a intenção do filme é, de fato, bem simples: trazer à tela a trajetória de uma prostituta, desde sua decisão de ingressar na profissão, passando pelo sucesso nacional como "blogueira destemida", até seu declínio e aposentadoria. E, provavelmente por isso (a simplicidade), o longa funcionou bem.

Deborah Secco como Bruna (Foto: Divulgação)
Baldini, que tem grande experiência na área de videoclipes e comerciais de TV, inicialmente não tinha certeza se queria Deborah Secco interpretando Bruna. No fim, ele concordou que ela cairia bem no papel. Confesso que eu também tinha muitas ressalvas quanto à sua participação, principalmente por temer que o filme se tornasse uma extensão das novelas globais. Mas creio que a sensualidade de Deborah, já exaustivamente explorada nos folhetins, deu um molho a mais.


Bruna Surfistinha e Deborah Secco (Foto: Divulgação)
Há cenas picantes? Logicamente, há. Afinal, estão projetando a vida de uma profissional do sexo na tela. Mas não é nada que nos faça confundir com uma produção pornográfica. Longe disso. É claro que, para quem leu o livro (não foi o meu caso), existem discrepâncias. Mas, no geral, as cenas foram tratadas com cuidado e conseguiram transmitir o que o diretor deve ter pretendido com elas. Em algumas, sentimos dó e nos preocupamos com a situação de Bruna. Em outras, conseguimos até nos despir um pouco do desconforto e entendemos que ela também se divertia às vezes e que, para ela, não era sempre de todo ruim.




Lorena Tabosa